Quarta feira passada, com rota definida em direcção à auto-europa, cruzei Cabanas de Palmela, subi até ao Cai-de-Costas, desci até à Quinta do Alcube, atravessei a Aldeia Grande.
Estava uma manhã gelada, com algum nevoeiro, só já na Serra do Louro é que apanhei os primeiros raios de sol a sério.
A ideia era subir na Estrada dos Picheleiros, à esquerda no sentido Aldeia Grande / Quinta do Paraíso, um pouco mais à frente do desvio logo a seguir ao desvio para o Vale da Rasca
Não descobri o nome mas é uma estrada de pequena largura que inicia em calçada e depois desemboca num estradão na estreito, sempre a subir, até uma casa bem antiga em ruínas, lá no topo.
Daqui para a frente é a descer até chegar novamente à nacional que vai para a Rasca.
Atravessei e voltei a subir passei por um trilho em zigue zague com umas belas cruzes (mais um que não sei o nome apesar das pesquisas), lá no cimo tirei umas belas fotos viradas para a Comenda e Tróia.
Dali desci passei na Quinta do Esteval, direcção ás Necessidades novas, Vendas de Azeitão, estrada da Coca Cola, Mata da Machada em direcção a casa.
Este percurso já o tinha feito há alguns meses, a ideia era ver se ainda me lembrava dele e colocar o track, mas infelizmente o sports tracker parou aos 21 km´s, não percebi porquê, vou ter que o repetir um destes dias, se tiver coragem com mais umas nuances para não ser monótono. Fica no fim o registo possível dos poucos km´s marcados.
A LENDA DA CRUZ DAS VENDAS E VASCO QUEIMADO DE VILLA LOBOS
A LENDA
Para enquadrar melhor a Lenda - ou as lendas - da chamada Cruz das Vendas no tempo e no âmbito em que as mesmas se corporizam, irei falar um pouco sobre a Ermida onde a Cruz - mais propriamente o Cruzeiro - está colocada e ainda, sobre o fidalgo que a mandou erguer.
ERMIDA DE NOSSA SENHORA DAS NECESSIDADES
A CRUZ DAS VENDAS
“Em o alto da serra a que as Aldeias estão encostadas, um pouco distante delas, está a Ermida da Nossa Senhora das Necessidades. Tem esta ermida uma cruz com uma hasta de duas varas e meia de comprimento, e encima continua uma pequena cruz maravilhosamente lavrada com duas imagens; para a parte do Norte a imagem de Cristo com a vocação de Senhor da Boa Ventura e da parte do Sul, na cruzada dos braços, a imagem de Nossa Senhora com a vocação das Necessidades, tudo de pedra branca e muito fina que dizem os artífices não ser destes contornos.
O pé é da mesma pedra, em oitavado e lhe servem de ornato dois altares, em cujo pé estão umas letras góticas que dizem o seguinte :
« por serviço de Deos Vasco Queimado de Villalobos fidalgo da Casa de El Rey e goarda mor que foy do Infante dom Pedro e camareiro e do Concelho dos Duques Fellipe e Carlos de Borgonha mandou por aqui esta cruz era mil quatro centos e setenta e coatro rogai a deos por sua alma ».
Sobre a ERMIDA votiva a Nossa Senhora das Necessidades e do monumento chamado” Cruz das Vendas”, para além do supra dito, muito mais há a dizer:
A passagem entre os montes de São Simão e São Francisco fazia-se em solo do morgado de Alcube e era conhecida por Portela da Cruz por ali ter sido erigida em 1474, por Vasco Queimado de Villa Lobos, um cruzeiro a que se chamou Cruz das Vendas. O monumento esteve durante séculos ao ar livre. elevando-se aquela soberba iminência donde muito longe se podia ser avistada.
Na parte superior da cruz estão esculpidas duas pequenas imagens, representando, a do lado poente, Jesus crucificado e do lado nascente, a Virgem Maria. Por baixo das esculturas, rodeando a haste da cruz, reconhecem-se quatro brasões, todos orlados, o maior dos quais são as armas dos Villa Lobos, representados por dois leões passantes e encimados por um elmo de perfil, de grades abertas, indicando alta linhagem. Os três brasões mais pequenos têm, como constituição heráldica, respectivamente, um leão rompante, uma cabeça de lobo e uma barra abocada por duas cabeças de serpente.
A Cruz das Vendas como também é conhecido o padrão esteve ao rigor do tempo durante séculos, sendo resguardado, nos meados do século XVIII dentro da ermida de Nossa Senhora das Necessidades, onde até hoje se encontra.
(in, Relatório do Pároco de São Simão, em 1758- Torre do Tombo)