quarta-feira, 8 de agosto de 2012

CASTRO MARIM

os benefícios de acordar cedo...


 Ponte Internacional do Guadiana


AH! Querem uma luz melhor que
a do Sol!
Querem prados mais verdes do que estes!
Querem flores mais belas do que estas
que vejo!
A mim este Sol, estes prados, estas flores contentam-me.
Mas, se acaso me descontentam,
O que quero é um sol mais sol
que o Sol,
O que quero é prados mais prados
que estes prados,
O que quero é flores mais estas flores
que estas flores -
Tudo mais ideal do que é do mesmo modo e da mesma maneira!

Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos"
Heterónimo de Fernando Pessoa

 moinho da maré
 salinas
 Colina 
do Revelim de Stº António
 Forte de S. Sebastião
O forte de São Sebastião de Castro Marim - assim denominado por ocupar o local o­nde anteriormente terá existido uma ermida dedicada a São Sebastião - é o melhor exemplo conservado do que foi o amplo processo de renovação do sistema defensivo da vila nos meados do século XVII.
A sua construção deve-se ao rei D. João IV, no âmbito das Guerras da Restauração com Espanha, e terá sido iniciado logo em 1641, o que prova a importância deste ponto do território. O projecto então posto em prática transformou o velho castelo medieval na praça militar mais importante de todo o Algarve, facto reforçado pela localização estratégica face à linha de fronteira.
A planta do forte adaptou-se ao cerro em que se implantou, definindo um recinto amuralhado irregular, que integra cinco baluartes e cuja porta principal está virada a Norte, precisamente na direcção do burgo e do castelo.
Esta relação de proximidade com o castelo de Castro Marim é um dos aspectos mais importantes das obras realizadas na vila no século XVII, na medida em que o novo sistema militar da localidade não prescindiu do antigo recinto muralhado, mas integrou-o na nova estrutura, constituindo-se, assim, uma complementaridade entre antigo e moderno que aqui adquire real expressão.


 jardim existente junto à Colina do Revelim de Stº António

Igreja Matriz de Nossa Senhora dos Mártires 
No vale entre o Cerro do Cabeço e o castelo, surgiu no século XVI, uma Ermida denominada de Nossa Senhora dos Mártires, pela incapacidade da Matriz da vila, intra-muralhas, abrigar todos os fiéis. Esta Ermida foi visitada por diversas vezes, durante o século XVI, pela Ordem de Santiago, que tinha tido a sua sede no Castelo de Castro Marim entre 1319-1356, ano em que se trasladou para a vila de Tomar.
Após o terramoto de 1755, responsável pela destruição da Igreja Matriz de Santiago, foi esta Ermida tornada paroquial da vila, mandada construir pelo Lopo Mendes de Oliveira, Comendador da Ordem de Cristo e Alcaide deste Castelo.
Devido à sua pequenez foi mandada restaurar e ampliar entre os finais do século XVIII e inicio do século XIX, tendo as obras ficado concluídas em 1834, sob a responsabilidade do arquitecto João Lopes do Rosário.
É possuidora de vários exemplos de imaginária do século XVI e XVIII, em madeira, bem como retábulos no altar-mor e transepto em madeira marmoreada e polícroma.






porta do Castelo
a nossa bandeira


uma das desvantagens de ir cedo
burros
Estação de Castro Marim...ou o que resta dela

BREVE HISTÓRIA DE CASTRO MARIM
As populações que habitavam o espaço português conheceram, desde tempos muito remotos, a necessidade de se munirem de estruturas defensivas.
Está a vila de Castro Marim edificada sobre um monte do Castelo, umas das mais significativas inovações que a Idade Média introduziu na paisagem portuguesa, na margem direita do rio Guadiana.

A primeira fortaleza de Castro Marim deveria ter consistido num castro familiar ou de povoamento do período neolítico, levantado na coroa desse monte, devido à configuração topográfica e localização estratégica de Castro Marim, foi esta vila povoada por vários povos, entre eles, Fenícios, Cartagineses, Vândalos e Mouros, estes derrotados, aquando da conquista da vila por D. Paio Peres Correia em 1242.

Em 1277, D. Afonso III concedeu-lhe Carta de Foral com grandes privilégios para atrair população mais facilmente aquela zona, erguendo a cerca medieval, onde inicialmente, a vila se desenvolveu.
A vila cresceu, inicialmente, dentro das muralhas do castelo velho, de planta quadrangular, definido por quatro torriões cilíndricos nos ângulos e um pátio interno, com duas portas de acesso, uma a sul e outra  norte.
Mais tarde, no reinado de D. Dinis, compensando a perda de Ayamonte que passou para o domínio de Castela, mandou reforçar a fortificação, ampliando-a com a construção da Muralha de Fora, para abrigo e defesa da população atraindo-a com a confirmação e ampliação dos privilégios atribuídos pelo seu pai D. Afonso III, concedendo-lhe nova Carta de Foral em 1282.

Durante todo o processo de conquista do Algarve, não se pode descurar a importância do papel das Ordens Militares Religiosas, Castro Marim pela sua localização geo-raiana conseguiu atrair com a ajuda do rei D. Dinis e pela bula papal instituída pelo papa João XXII, a Ordem de Santiago, que terá herdado os bens da Ordem dos Templários extinta em 1321, instalando a sua sede no Castelo de Castro Marim em 1319 até 1356, ano em que foi transferida, por ordem de D. Pedro I, para Tomar, devido à cessação das lutas contra os mouros e de um progressivo desprestígio da zona.

A partir dessa altura, a importância deste Castelo foi diminuindo e a vila começou a despovoar-se, apesar dos privilégios atribuídos pelos monarcas.
D.Fernando I, em guerra com Castela, em 1372, concedeu mercês e novas prerrogativas à povoação e reparou as ruínas do castelo, com o incremento das campanhas ultramarinas no século XV, a Coroa Portuguesa encontrou no Algarve o melhor posicionamento geográfico e estratégico, pela proximidade ao Norte de África mantendo, assim, mais facilmente essas praças, controlando-as, para além de controlar possíveis ataques de corsários vindos do sul ou da vizinha Espanha.

Castro Marim tornava-se assim, pela sua localização geográfica, numa das principais praças de guerra aquando do destacamento das nossas tropas além-mar, perdendo o seu apogeu relativamente a outras praças de guerra algarvias durante o século XVI, durante o reinado de D. Manuel I, com a nova Carta de Foral atribuída a esta vila em 1504, iniciaram-se relevante obras de restauro e defesa do Castelo, em 1509.

Estas obras visaram um duplo objectivo de apoio às conquistas ultramarinas e de vigilância aos possíveis ataques corsários a que esta vila estava sujeita.
Dentro do recinto muralhado, situavam-se as ruínas da Igreja de Santiago, primitiva matriz da vila, construída no século XIV, a Igreja de Santa Maria e antiga Igreja da Misericórdia, junto à porta de armas, que serviu a população até ao século XVI, altura em que a vila começou a crescer para fora do recinto muralhado, significando o aumento de terra firme.


A vila torna-se num importante ponto de segurança e porto piscatório e comercial, contribuindo para o aumento da população, atingindo o seu apogeu nos séculos XV e XVI. Deste prestígio resultaram o aparecimento de outras duas freguesias, a de Nossa Senhora da Visitação em Odeleite, referida na Visitação de 1534, e a outra, a "Capela Curada do Santo Espírito" (Espírito Santo) do Azinhal, referenciada em 1565. A freguesia da Altura foi recentemente criada em Junho de 1993, alargando o concelho para quatro freguesias administrativas.
Por este motivo e com o incremento das estruturas abaloartadas durante o século XV, mandou D. João IV, aquando das Guerras da Restauração em 1640, dada a importância militar desse ponto, restaurar o Castelo e fazer novas obras de fortificação, construindo o Forte de S. Sebastião e de Revelim / Forte de S. António.
 
O Forte de S. Sebastião, implantado no serro do Cabeço onde se encontrava uma Ermida dedicada a S. Sebastião destruída aquando das obras do Forte a sul do monte do Castelo, é composto por planta irregular com 5 baluartes, de fachada principal a norte por onde comunicava com o Castelo por um pano de muralha e entrada coberta.

O Revelim / Forte de S. António a nascente do Forte de S. Sebastão, construído sobre o Cerro chamado Rocha do Zambujal, que pelo seu avanço relativamente às outras fortificação, estava destinado a comandar a travessia e navegação do Guadiana. Dentro deste sistema defensivo mandou o rei construir uma Ermida dedicada a S. António que possuía um altar ao mártir S. Sebastião.
Grande abalo sofreu esta vila aquando do terramoto de 1 de Novembro de 1755, destruindo-lhe grande parte do seu património arquitectónico.

A vila cresceu extramuros sem no entanto nunca conseguir recuperar a importância de séculos passados, agravada pelo nascimento de Vila Real de Santo António, que junto do assoreamento dos esteiros, provocou a sua decadência








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